Contando tudo que vi...
Rive Gauche e Quartier Latin
20/05/2010 00:00Acordamos e arrumamos as malas para trocar de quarto. É que tínhamos que fechar e abrir nova reserva por causa do pacote de viagem de Paris que se encerrava hoje às 11h, então aproveitamos e pedimos um quarto mais longe do hall do elevador por causa do barulho. Pela manha o quarto ainda não estava disponível para troca, então deixamos as malas e saímos. Com isso, acabou ficando tarde e deixamos para ir à loja ver o sax no outro dia.
Fomos direto ao Pantheon – importante obra arquitetônica do séc XVIII. Gostei muito! Tem uma luz bonita que realça as paredes com afrescos da vida de Joana D'Arc e Santa Genoveva. É porque ele foi construido para ser uma igreja, depois Napoleão o transformou num "panthéon" que quer dizer "todos os deuses", onde ficam os restos mortais das grandes celebridades, no caso, francesas.
Saindo dali, entramos no Jardim de Luxemburg – um parque lotado de parisienses e turistas. Tomamos uma cerveja para variar, mas não dá, na França a cerveja tem gosto ruim e quente, o melhor é vinho mesmo!
Do jardim, saímos caminhando pelas ruas do Quartier Latin - bairro intelectual e boêmio, charmoso e elegante, onde se concentram o público jovem da cidade, uma mistura de moda e intelecto, lojas de grife, livrarias, restaurantes e as famosas brasseries.
Os parisienses chamam brasseries os bares ou restaurantes mais chiques especializados em bebidas (cerveja ou vinho). Aliás, em Paris cada comércio de comida tem um nome específico só para confundir a gente! A nossa padaria, por exemplo, lá pode ser boulangerie - especializada em pães, ou patisseries - especializada em bolos e tortas. Para dizer a verdade eu não consegui perceber a diferença! E ainda tem os petits marchés - uma espécie de mercadinho que vende frutas e legumes, enlatados, frios e vinhos. Outra coisa que nos chamou atenção foram os postos de gasolina, porque nos 10 dias que andamos pelas ruas de Paris só vimos um e era praticamente invisível. Era apenas uma (só uma) pequena bomba que ficava discretamente em cima de uma calçada estreita com pessoas passando. Imperceptível!
No Quartier Latin também existem muitas escolas e universidades (passamos ao lado da famosa Universidad de La Sorbone), daí vem o nome do bairro: porque na idade média o ensino era todo em latim.
Já na região de Rive Gauche, passamos pela igreja Saint-Germain dês Pres - a mais antiga de Paris, muito escura e sombria (Descartes está enterrado nessa igreja), pelos cafés famosos Les Deux Magots e o Café de Flore - lugar onde as pessoas se sentam não só para tomar café, mas sobretudo para verem e serem vistas, e aí é só deixar o tempo passar. Todos os parisienses e turistas respeitam este ritual.
Nisso já estávamos na Place Saint Michael. Enchemos nossa garrafinha de água na fonte e seguimos na direção da Saint Chapelle.
É uma igrejinha de proporções modestas e muito delicada. Tem 2 andares: o de baixo era para os plebeus, tem o teto todo decorado de afrescos de fundo azul profundo com milhares de flores de lis, símbolo da realeza francesa. O de cima era para os nobres, sobe por uma escada em espiral bem estreita e quando chega você simplesmente perde o ar. Não tem paredes! Apenas vitrais muito coloridos de cenas religiosas impressionantemente formosas. Tem umas poucas cadeirinhas onde as pessoas sentam e nem sabem pra que lado olhar. A gente saiu de lá meio tonto de tão bonito que é! Por fora, destaco apenas as torres que são coroadas por uma espécie de espinhos talhados em pedra que representam os espinhos usados por Cristo, porque, por longo tempo, a coroa de espinhos ficou guardada nesta igreja e depois foi levada para a Notre-Dame.
Bom, depois só nos restava a grandiosa Notre-Dame - marco da construção gótica, tornou-se símbolo e inspiração para construções de igrejas católicas em todo mundo. Dentro, o seu tamanho é realmente fora de série, você fica imaginando como devia ser estarrecedor estar ali na idade média... E como diz Veríssimo em Traçando Paris : "Se você aguçar os olhos e a imaginação, também poderá ver o corcunda Quasimodo nos espiando de dentro de um nicho, lá em cima. Se você não entender como Quasimodo, um personagem fictício de Victor Hugo, pode estar vivo e nos olhando, não se preocupe."
Não subimos a sua torre, nossas pernas não suportariam! Ao invés disso, visitamos sua cripta - uma grande escavação que mostra as fundações dos primeiros prédios quando Paris ainda se chamava Lutécia e era dominada pelos romanos.
Contornamos toda a Notre-Dame, caminhamos pela Ile de la Cite e sentamos no caminho inferior a margem do Rio Sena para tomar um vinho, comer um sanduiche e contemplar... (como aconselhou nosso amigo Adriani).
Depois subimos até a Pont de Art’s que estava lotada de pessoas sentadas fazendo seus piqueniques a espera do por do sol.
Tiramos umas fotos e seguimos para o metrô, no caminho passamos pelo meio da Praça do Louvre e esse foi um dos momentos mais mágicos de toda viagem: primeiro ouvimos uma música de clarineta suave, uma melodia maravilhosa de linda!
Seguimos na direção desse músico talentoso que estava sob uma das arcadas e surge na nossa frente um por do sol vermelho por de trás da pirâmide de vidro do Louvre. Espetacular!
Ficamos ali ouvindo a música... maior emoção! Ficaríamos por horas se a noite não caísse, tínhamos que ir, uma pena!
À noite comemos na lanchonete onde sempre éramos atendidos por um rapaz muito tímido (aquele esquema de uma pessoa só). Achávamos que ele era argelino, só no último dia é que descobrimos que na verdade era da Tunísia e o patrão que era da Argélia. Eu comia sempre o croque-monsieur - uma espécie de mixto quente mas com uma camada de queijo gratinado por cima, uma delícia!
—————